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  Foto: Arquivo Semasa  

Uma usina de transformação

estação são roque 

Quem passa perto do morro que divide os bairros São Roque e Espinheiros, quase não percebe, mas, por ali, camuflada entre as árvores, está a Estação de Tratamento de Água São Roque. Para chegar à estação, é preciso subir o morro. Lá de cima, onde se contempla boa parte da cidade, o horizonte encanta. O céu azul e a morraria ao fundo contrastam com a linha de construções margeada pela BR 101. Tudo emoldurado pelo que ainda resta da vegetação do morro. A visão faz recordar quem está trabalhando no alto, que a missão é abastecer a cidade que se espalha até o horizonte. Alheios ao que acontece no morro, quem está lá embaixo não imagina que, a qualquer momento, um pequeno problema, lá em cima, pode afetar toda a rotina da cidade.  

O barulho de água, forte e ininterrupto, dita o ritmo do trabalho que não pode parar.  Ele também faz lembrar uma cachoeira, mas, por ali, não tem nenhuma e tampouco um rio. O ponto de captação de água, no canal retificado do Itajaí-Mirim, fica um pouco mais longe, a um quilômetro e meio de distância. É por uma das tubulações, que sobem o morro, que a água chega para receber tratamento.

Quem tem o privilégio de ir até lá, contempla mais que uma vista exuberante. Percebe a mágica entre química e física. Depois que passa pelo processo de tratamento, a água bruta se transforma para irrigar a vida dos itajaienses e navegantinos. Em condições normais de operação, a estação tem capacidade para tratar até 1150 litros de água por segundo. É como se a cada segundo saíssem de lá 575 garrafas de dois litros de água. O suficiente para encher duas piscinas olímpicas por hora.

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Foto: Ana Paula Baticini

Vista que encanta. A estação São Roque, inaugurada em 1978, é responsável por 70% do abastecimento de Itajaí. 

Logo na entrada dos tanques, a visão do primeiro processo de tratamento assusta. A espuma gordurosa e marrom, uma nata de sujeira retirada do rio, é consequência da poluição em que ele se encontra. Culpa de nós mesmos, que cuidamos pouco dos nossos recursos naturais e pagamos caro por isso. Quanto mais suja, mais produtos e mais tempo dedicados na transformação da água. 

Inaugurada em 09 de setembro de 1978, na gestão da Companhia Catarinense de Água e Saneamento - Casan,  a estação passou por uma ampliação com a construção de mais um módulo de tratamento, inaugurado em 2012, na gestão do Semasa. Para um observador distraído, os dois são praticamente iguais. Mas para os operadores, a tecnologia empregada no segundo módulo faz toda a diferença. Acionar o painel de botões já resolve uma boa parte das coisas que, no primeiro módulo, precisam ser feitas manualmente, como é o caso da limpeza dos decantadores. 

Valério César de Campos foi o primeiro operador da estação. Ele começou em 1978, antes mesmo dela ser inaugurada. Nos 25 anos dedicados a ela, perdeu a conta de quantos Natais, Réveillons e madrugadas passou cuidando para que a estação não parasse. Ele lembra de como era difícil subir as escadas com os sacos de cal e preparar manualmente a mistura para tratar a água. Hoje, o tratamento se modernizou e o cal em pó foi substituído pelo sulfato de alumínio líquido, mais uma facilidade trazida pelo avanço e desenvolvimento nos sistemas de tratamento de água. 

Inauguração da Estação São Roque em 1979.

Inauguração Estação de Tratamento de Água São Roque (Foto: CMHI) Clique para ampliar 

Fotos: Ana Paula Baticini

Da entrada até a saída a água permanece em torno de uma hora e vinte minutos na estação. Esse tempo leva em consideração uma entrada de água média, em condições normais de operação. Os dias em que ela está muito suja, como por exemplo, com muito barro, a estação tem um tempo de resposta menor, pois o sistema fica saturado.

 

Depois da filtragem, a água recebe flúor e cloro. A adição é exigência do Ministério da Saúde para melhorar a saúde bucal da população e garantir a morte de microrganismos que podem provocar doenças. A qualidade é assegurada pelas 92 análises laboratoriais realizadas por dia, no laboratório da própria estação. 

Sem parar, 24 horas por dia, sete dias por semana. É assim que funciona essa grande usina de transformação, que por meio da física e da química - e de muito trabalho - transforma a água que os Itajaienses usam diariamente. 

 

Se você tem água em casa no Natal, no Réveillon, é porque alguém ficou trabalhando na estação para que ela não faltasse. 

Valério Cesar, primeiro operador da ETA São Roque
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 Próximo capítulo 

Sem aviso prévio 

Trabalho de Conclusão de Curso produzido pela acadêmica Ana Paula Baticini, orientado pela Dra. Vera Lucia Sommer e lançado pelo Semasa nas comemorações dos 20 anos de fundação da autarquia. 
Abril/2023

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